Alguns opositores ao discurso da sustentabilidade…

A idéia-tema deste blog, de que devemos buscar um desenvolvimento sustentável, em harmonia com a natureza, explorando sem extinguir, é vista com bons olhos por todos, não é?

Por incrível que pareça, não.

Ainda que a idéia de que o desenvolvimento sustentável seja predominantemente bem vista pelo senso comum, existem vozes que discordam, ou das premissas, ou das conclusões, ou das medidas sugeridas, ou do modo como se deve desenvolver de forma sustentável.

E estas vozes podem vir do campo da política, da economia, da filosofia, e mesmo da ciência. Vejamos:

Alguns MARXISTAS acusam os países desenvolvidos de estarem com o discurso ambientalista tentando congelar o desenvolvimento dos países periféricos. Assim, tanto os dados científicos, quanto a necessidade de medidas, quanto as previsões catastróficas, tudo seria mentira dos países de economia mais forte para impor limites ao crescimento econômico dos outros, e assim continuar dominando-os:

A próxima Cúpula da Terra Rio+20 – oficialmente designada como Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – acontecerá de 20 a 22 de junho de 2012, no Rio de Janeiro, Brasil. Acontece vinte anos depois da primeira cúpula histórica de Rio de Janeiro, em 1992, e dez anos depois do encontro de Johanesburgo, em 2002. Este encontro é uma nova tentativa da burguesia internacional para avançar na ideologia de “capitalismo sustentavel” e progredir com a subordinação dos Estados periféricos no capitalismo, tanto os semi-coloniais quanto os sub-imperialistas, aos chamados “pacotes ambientais” de compromissos impostos pelo imperialismo neste século XXI.  (…) o que vai marcar o debate na Cúpula dos Povos no Rio +20, é o conceito de “desenvolvimento sustentável” é uma tentativa de unir o conceito de “crescimento” ou “desenvolvimento econômico” próprio da economia liberal, baseado no crescimento da renda per capita e do produto interno bruto (PIB), com o conceito ecológico de “capacidade de sustento”. Com isso, se tenta estabelecer a reconciliação de duas ideias opostas, onde a última coloca um “limite para o crescimento”, e a outra propõe a expansão do modelo de desenvolvimento dos “países ricos” para os “países pobres” como uma única via possível, ainda que com uma roupagem “verde”. Mas, na verdade, estes mecanismos garantem os interesses estratégicos do grande capital e do imperialismo internacional.

Esta articulação conceitual tem como consequência “lógica”, mais uma vez, a culpabilização da pobreza pela degradação ambiental, como vemos nesta esclarecedora passagem do Informe: “A própria pobreza polui o meio ambiente, criando outro tipo de desgaste ambiental. Para sobreviver, os pobres e os famintos muitas vezes destroem seu próprio meio ambiente”. Enquanto isso, aos “ricos” é sugerida apenas uma adoção de “estilos de vida compatíveis com os recursos ecológicos do planeta”. (1)

Curiosamente, no outro extremo político, também há rejeição por parte de CONSERVADORES CRISTÃOS, os quais acusam a filosofia ambientalista de ser um ataque secular à cosmovisão cristã do Ocidente. Ora, sabe-se que o Cristianismo ensina que Deus ordenou ao ser humano dominar a Natureza. Esse conceito implica na idéia de os recursos do mundo estão a serviço do domínio dos homens, ou seja, Deus criou a Natureza para o bem do ser humano. O ambientalismo seria então, uma filosofia anti-cristã, um neopaganismo em que o homem interrompe a missão divina de domínio e se coloca como servo da Natureza, um devoto da Terra, a qual contempla com devoção religiosa. Certamente essa idéia significaria idolatria e blasfêmia para esse grupo político, por isso a resistência e desconfiança deles em conceitos ambientalistas tais como o desenvolvimento sustentável:

 Os antigos pagãos viam deuses na natureza selvagem, nos animais e no estado. O ambientalismo moderno compartilha dessa crença, e acrescenta ‒ cortesia daquela influência que mistura elementos hindus, californianos e da Nova Era ‒ um ódio à humanidade e às religiões ocidentais que colocam o homem como o centro da criação.

(…) A ordem natural é superior à humanidade, escreveu o ecologista John Muir há mais de um século, pois a Natureza “nunca perde sua grandeza e nunca se deprava”, e o homem é sempre e em todo lugar uma “influência maligna e destruidora”. (…) O cristianismo, acrescenta o ecologista Lynn White, Jr., “carrega o imenso fardo da culpa” de violar a natureza. O cristianismo trouxe todos os malefícios ao mundo ao dar a luz ao capitalismo e à Revolução Industrial. Já que devemos pensar na natureza como sendo Deus, diz William McKibben, autor do best-seller End of Nature, todos os “fenômenos feitos pelo homem” são diabólicos. Devemos manter a terra como “a Natureza concebeu”. (…) Poucos de nós poderíamos sobreviver na vasta imensidão selvagem e desconhecida de uma floresta por muito tempo. A natureza não é amigável ao homem. Nunca foi. Por isso ela deve ser domada.

No início da década de 1990, visitei uma área de exploração e corte de madeira na região norte de Califórnia. Não encontrei ambientalistas por lá. Como comprovam os estudos do próprio Sierra Club, ambientalistas são tipos de classe alta, gente chique que mora em regiões como Manhattan e Malibu, rodeadas de todos os confortos que apenas o capitalismo pode dar. Ambientalistas não moram no meio de árvores e madeiras. Quem mora, não tem nenhuma ilusão quanto à bondade da deusa Gaia. Madeireiros bem sabem que a própria existência da humanidade depende da subjugação da natureza, a qual deve ser constantemente domesticada e adaptada aos nossos conformes. Se algum dia pararmos de fazer isso, as selvas irão reivindicar e retomar nossas cidades. Esses madeireiros, que formavam um conjunto de 30.000 famílias trabalhadoras, foram dizimados pelas regulamentações governamentais implantadas naquela época, regulamentações essas que proibiam a exploração e o corte de madeiras em milhões de acres apenas para que 1.500 corujas-pintadas não fossem perturbadas, para que elas pudessem continuar vivendo o mesmo estilo de vida com o qual haviam se acostumado. E se você acha que acabar com a vida de 30.000 famílias em troca da tranquilidade de 1.500 corujas (uma razão de 20 famílias humanas por coruja) é algo um tanto excessivo, isso apenas mostra o quão inculto e não ambientalmente esclarecido você é. (Nota: se as corujas-pintadas de fato estivessem “em perigo” e os ambientalistas realmente quisessem salvá-las, então eles poderiam simplesmente comprar algumas terras para criar seus próprios santuários. Porém, utilizar dinheiro próprio é algo que, de alguma forma, nunca teve apelo entre essa gente.) (2)

Há também CIENTISTAS que questionam se o planeta realmente corre tanto risco assim. E fazem isso com base em estudos científicos cujas conclusões destoam do discurso oficial:

Timothy Ball, um dos primeiros canadianos doutorados em climatologia, escreveu recentemente um artigo onde se admira de ninguém escutar os cientistas que afirmam que o aquecimento global NÃO É devido ao Homem . Começa por dizer “Acredite-se ou não, o aquecimento global não é devido à contribuição humana para a concentração atmosférica do dióxido de carbono. Estamos perante o maior erro da história da ciência.” Continua “Desperdiçamos tempo, energia, e milhares de milhões de dólares e criamos medo e consternação desnecessários num tema sem justificação científica.” Menciona os milhares de milhões gastos em propaganda pelo Departamento do Ambiente do Canadá que defende “uma posição científica indefensável, enquanto ao mesmo tempo fecha estações meteorológicas e falha na legislação de medidas contra a poluição”. O Dr. Ball levanta uma questão interessante, que todos deveriam ter em consideração, quando há cerca de 30 anos, nos anos 1970, [os mesmos] falavam no “arrefecimento global”, alarmavam com a implicação deste nas nossas vidas, nas de outras espécies, e na própria sobrevivência que estava ameaçada. É interessante como se parece com o actual alarido dos políticos canadianos. Ball continua a explicar que as alterações climáticas ocorrem como sempre ocorreram devido [essencialmente] às variações da temperatura do Sol. Explica que estamos ainda a sair do que se designa por Pequena Idade do Gelo e que a história da Terra é fértil em alterações do clima. O que o clima faz actualmente é o que sempre fez, isto é, altera-se. O Dr. Ball afirma que “não há nada de incomum no que está a acontecer” e que “é contrário ao alarmismo que se anunciava com o arrefecimento global e ao que se anuncia agora com o aquecimento global.” O Dr. Timothy Ball escreveu mais tarde, ao comentar os problemas que se levantam aos cientistas que são contra o discurso oficial, que “Infelizmente, a minha experiência mostra que as universidades se tornaram dogmáticas e repressivas dentro da nossa sociedade. Esta posição tem-se vindo a tornar cada vez pior na medida em que elas recebem cada vez mais subsídios governamentais por defenderem o ponto de vista oficial”. (3).

 Para citarmos mais um exemplo, temos ECONOMISTAS que desdenham da viabilidade e necessidade de métodos costumeiramente adotados pela sustentabilidade, como o da reciclagem:

 Reciclar não poupa recursos.  Pelo contrário, desperdiça recursos valiosos.  Em geral, reciclar é mais caro do que construir aterros, com a única exceção para esta regra sendo o alumínio.  As crianças também são doutrinadas a acreditar que reciclar irá reduzir a poluição.  Mas a elas não é dito que o processo de reciclagem é, em si, extremamente poluente.  A reciclagem de jornais, por exemplo, requer que a tinta velha utilizada nos jornais seja retirada das páginas.  Este é um processo quimicamente intensivo que gera enormes quantidades de lixo tóxico.  Muito mais “ambientalmente saudável” seria simplesmente jogar os jornais fora. (…)

E o que dizer sobre a tão propalada alegação de que a reciclagem, principalmente a de papel, irá “salvar a vida” de várias árvores?  (…) Se pararmos de utilizar papel, menos árvores seriam plantadas.  Não haveria incentivos de mercado para a conservação de florestas.  Na indústria papeleira, 87% das árvores utilizadas são plantadas para a produção de papel.  Isto significa que, de cada 13 árvores que seriam “salvas” pela reciclagem, 87 jamais seriam plantadas.  É exatamente por causa da demanda por papel que o número de árvores plantadas no mundo aumentou nos últimos 60 anos.  Eis, portanto, uma lição incômoda para os ambientalistas: se o seu objetivo é maximizar o número de árvores, não recicle papel.  Outra lição: se você quer aumentar o número de árvores, defenda o capitalismo e a propriedade privada.  Quando se é dono da sua própria terra, há vários incentivos econômicos para se cuidar muito bem desta sua terra.  Sua preocupação é com a produtividade de longo prazo.  Assim, o proprietário de uma floresta, por exemplo, irá permitir que uma madeireira ceife apenas um número limitado de árvores, pois ele não apenas terá de replantar todas as que foram ceifadas, como também terá de deixar um número suficiente para a colheita do próximo ano (4).

Vemos então como nem todos têm simpatia, muito menos concordância com o discurso ambiental da sustentabilidade.

O quanto de razão estes opositores podem ter, isso eu deixo para o leitor avaliar…

FONTES:

 (1) http://coletivolenin.blogspot.com.br/2012/03/rio-20-farsa-da-sustentabilidade-e-da.html

(2) http://www.ipco.org.br/home/internacional/as-raizes-anti-humanas-do-movimento-ambientalista-i

(3) http://resistir.info/climatologia/uma_mentira_conveniente.html

(4) http://www.midiasemmascara.org/artigos/ambientalismo/13103-reciclagem-conservacao-sustentabilidade-e-realidade.html

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Estudantes de Pedagogia
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